Vamos falar sobre o Turismo Responsável. Como se sabe, muitas atividades nocivas ao ambiente e atividades que envolvem exploração de seres humanos (incl. crianças) ou animais só existem em função do turista, especialmente nos países mais pobres. Não fosse o turista, essas atividades não iriam subsistir.

Por isso, é importante que o viajante esteja ciente dessas condições para que não contribua, ainda que inconscientemente, para essa exploração.

Entrada do Mae Taeng Elephant Park
Entrada do Mae Taeng Elephant Park

Em 2011, na minha primeira viagem à Tailândia, visitei o Mae Taeng Elephant Park um Parque de Elefantes nas proximidades de Chiang Mai, um importante destino turístico no noroeste da Tailândia.

Fui de excursão com empresa Somporn Tours and Trekking. A visita a um parque de elefantes é um dos principais passeios turísticos oferecidos pelas agências em Chiang Mai.

Van do Somporn Tours
Somporn Tours

A propósito, os Elefantes são um símbolo da Tailândia. O turista vai notar a constante presença dos Elefantes na religião, nas edificações, e até mesmo nos souvenires.

Logo na entrada, pude perceber esse elefante, ainda não adulto, acorrentado pelas pernas, mal podendo se movimentar, mesmo estando num cercado bem mais amplo.

 

  • Caiu a ficha! Estava entrando num verdadeiro campo de concentração de elefantes!

Dentre as atividades do parque para entreter os turistas, estava subir e andar de elefante pela floresta e observar o show de elefantes, que dançam, pintam uma tela, e jogam futebol, além de interagir com os turistas.

Dá para perceber que isso tudo não é natural. Os elefantes não são animais domésticos.

Elefante filhote no Mae Taeng Elephant Park
Elefante filhote no Mae Taeng Elephant Park

Phajaan

Para domesticá-los, os elefantes são separados da mãe desde cedo (observe que pelo menos até os 10 anos os elefantes vivem com a mãe) e passam por um processo chamado Phajaan ou “quebra do espírito” (elephant crushing). Se você tiver estômago, assista esse video (clique aqui).

Nesse processo, os elefantes são submetidos ao isolamento e punições corporais, para se tornarem domesticáveis e acatarem as ordens do ser humano.

Há relatos da National Geographic de que pregos e bastões seriam colocados nos pés e nas orelhas dos animais, e que os mesmos seriam submetidos à fome, à privação de sono e a espancamento com o uso de bastões. Isso sem falar de estarem acorrentados, sem poderem se mexer ou até mesmo sentar. (Fonte: Wikipedia)

O que eu vi?

Além de ver o pequeno elefante acorrentado, a experiência mais difícil foi subir e andar de elefante pela floresta, o que foi desconfortável sob vários aspectos.

 

Não é como andar a cavalo! A cadeira balança para um lado e para outro e você tem que ficar se equilibrando para não cair. As pisadas do elefante não são suaves, são como pancadas no chão e incomodam bastante quem está sentado lá em cima. O pior trecho é aquele em que o elefante sobe um caminho às margens do Rio.

À frente da cadeira, está sentado o domador (mahout), que vez ou outra bate na cabeça do elefante com um instrumento com formato de picareta (ankusha ou elephant goad). Na foto abaixo, observe o instrumento na mão do domador.  Dói só de ver!

Só queria que aquilo acabasse logo! Incrível como uma atividade que é desagradável para o turista, para o domador e para o elefante ainda se sustenta.

Show de Elefantes

Depois disso, tem os shows, que até são agradáveis ao turista. Os elefantes jogam futebol; dançam, balançando as suas trombas e pintam quadros de tela, além de interagirem com os visitantes que ficam numa plateia.

Nesse caso, o problema é o que está por trás disso, o problema é o que o turista não vê!

Apresentação de Elefantes no Mae Taeng Elephant Park
Apresentação de Elefantes no Mae Taeng Elephant Park

Durante a pintura, por exemplo, um dos domadores fica um pouco escondido. A plateia fica sem ver que mecanismos o domador utiliza para alcançar o resultado.

Elefantes pintando no Mae Taeng Elephant Park
Elefantes pintando no Mae Taeng Elephant Park

Esses trabalhos ainda são comercializados na loja do Parque. E tem turista que compra!

Pintura feita por Elefantes - Mae Taeng Elephant Park
Pintura feita por Elefantes – Mae Taeng Elephant Park

Colabore com o Turismo Responsável

A boa notícia é que é possível ter um contato responsável com os Elefantes.

Em primeiro lugar, é importante evitar parques onde é possível subir nos elefantes, com ou sem cadeira, ainda que os animais não aparentem estar machucados. Deve-se evitar, também, locais que realizem shows com elefantes pintores, elefantes dançarinos ou que façam brincadeiras com os turistas.

Como falei, isso não é natural!

Uma dica é fazer os safaris, onde os animais vivem livres e soltos!

A jornalista Adriana Mendonça, do blog Em algum lugar do Mundo, que fez trabalho voluntário na região, recomenda visitar na Tailândia os Santuários ou Centros de Resgates de Elefantes que sofreram abusos, dentre os quais:

Resumindo…

Quando visitei o Parque de Elefantes Mae Taeng na Tailândia, nem havia tido tempo de ler e me informar a respeito. Se tivesse me informado, certamente não iria visita-lo.

No local, reclamei com o guia e cheguei a me recusar a participar de certas atividades.

Depois que voltei ao Brasil, comentei a experiência com várias pessoas que iriam a Chiang Mai, mas mesmo assim muitos insistiram em visitar os Parques. Na opinião deles, poderiam se arrepender depois, mas não deixariam de viver aquela experiência.

É o turista que continua a sustentar a exploração dos animais! Dá para perceber pelas avaliações do referido parque no TripAdvisor que qualificam a experiência como “interessante”, “muito gratificante” ou “inesquecível”. Lamentável!

Enfim, seja um Turista Responsável!

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1 Comment

  • Barbara Cortat
    Posted 23/07/2020 at 13:12 0Likes

    Fiquei muito feliz em ler esse texto mostrando a realidade desses parques de elefantes. Obrigada!

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