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Flona do Tapajós: o que você deve saber antes de visitar?

A Floresta Nacional do Tapajós, conhecida como Flona do Tapajós,  é uma unidade de conservação federal com 527 mil hectares de área, no estado do Pará. Situada ao sul de Santarém e de Alter do Chão, visitar a Flona costuma ser um dos principais day trips a partir dessas localidades. Trata-se de uma instrutiva trilha pela floresta. Num post anterior, contamos como foi a nossa experiência na Flona.

Além do passeio pela floresta, você também pode se hospedar por lá. Há muitas outras atividades para se fazer e muitas coisas para aprender nesse incrível paraíso natural. Neste post, respondemos às principais dúvidas sobre sua visita à Floresta Nacional do Tapajós. Confira!


Sobre Alter do Chão, leia também:

1. Vale a pena visitar a Flona do Tapajós?

Trilha, Flona, Floresta Nacional do Tapajós, Pará
Trilha na Floresta Nacional do Tapajós

Visitar a Floresta Nacional do Tapajós é a oportunidade de ter contato direto com a natureza, de conhecer diversas plantas e animais, além de observar como a floresta pode ser explorada de forma sustentável.  No local, moram em torno de 1.050 famílias em 23 comunidades e 3 aldeias indígenas, que vivem do turismo e da exploração sustentável da floresta.

Dentre as atividades realizadas pelas comunidades, destacam-se a extração do látex, a extração de óleos de andiroba e copaíba, a produção do couro ecológico a partir do látex, a produção de biojóias e de móveis artesanais, a comercialização de frutas in natura (açaí), a produção de polpas e licores, a produção de farinha e mel, a criação de peixes e o turismo (fonte: ICMBio).

Além disso, é uma oportunidade de fazer um passeio diferente daqueles mais comuns em Alter do Chão. Na trilha, você irá contemplar a floresta. Nos demais passeios em Alter do Chão, você vai aproveitar as praias de rio.

Fizemos a Trilha do Piquiá, na Comunidade de Jamaraquá. A trilha é moderada, não sendo recomendável para idosos ou pessoas com dificuldade de locomoção. Entretanto, você não precisa ser nenhum atleta para percorrê-la. Há várias paradas no percurso.

Numa destas paradas, você poderá se refrescar nas águas deliciosas do Igarapé e retornará renovado para continuar o trajeto e fazer um delicioso almoço no restaurante da Dona Conceição.

O atendimento na comunidade foi muito bom. Fomos muito bem recebidos. Tudo isso só reforça a minha convicção que a visita à Flona do Tapajós é um passeio imperdível para quem vai a Alter do Chão.

Na minha opinião, vale muito a pena visitar a Floresta Nacional do Tapajós, mesmo que seja por um só dia.

2. Como chegar à Flona?

Basicamente, há duas formas de chegar à Floresta Nacional do Tapajós: por via terrestre (ônibus ou carro) ou de barco.

Os visitantes devem registrar a sua entrada nas bases do ICMBio, preenchendo um formulário de visitação. A entrada é gratuita. Para  grupos de até 10 pessoas, não é necessária autorização prévia do ICMBio. Grupos maiores deverão solicitar autorização por e-mail. Importante mencionar que, nas áreas de manejo (bases 72, 117 e 171), não é autorizada a entrada para finalidades recreativas, como é o caso de turismo, independentemente do tamanho do grupo.

Via Terrestre

De carro, você deverá pegar a BR-163 (rodovia Cuiabá – Santarém), sentido sul e ingressar na unidade de conservação através das bases localizadas nos kms 67, 72, 92, 117 ou 211 da rodovia.

De transporte público, você deverá pegar um ônibus (Transmaguary) que parte de Santarém, do ponto em frente ao Colégio Santa Clara (Avenida São Sebastião).

Para a Comunidade do Jamaraquá, que foi a que visitamos, os ônibus partem às 11h15  (exceto domingo) e às 14h30 (todos os dias) e passam também por Belterra e pelas comunidades de Revolta, Santa Cruz, São Domingos e Maguari. A passagem custa R$ 12.

De Barco

Centro de Atendimento ao Turista, Alter do Chão, Pará
Centro de Atendimento ao Turista, Alter do Chão, Pará

Para ir de barco, você deve contratar um barqueiro em Alter do Chão ou em Santarém. Em Alter do Chão, durante o “verão amazônico”, os barcos partem do Centro de Atendimento ao Turista (CAT).

No nosso caso, quem nos ajudou com esse trabalho foi o Eduardo, dono da Pousada Sombra do Cajueiro, onde ficamos. Participamos do grupo do Deco (93) 99132-6160. O barco era amplo e confortável. O valor do passeio por pessoa foi de R$ 150.

Outro barqueiro que recomendo é o Reinaldo, dono do Hostel Pousada do Tapajós (93) 99210-2166. Reinaldo é um motorista simples e responsável. Os preços cobrados são justos.

3. Quanto custa o passeio de um dia para a Flona do Tapajós?

Ao fazer o passeio de um dia para a Flona do Tapajós, você vai gastar, no total, R$ 215,00, por pessoa. Os itens de gasto estão discriminados na tabela a seguir.

Item de Gasto Valor (R$)
Translado de Barco 150,00
Guia na Flona 30,00
Almoço 35,00
Total 215,00

4. O que levar para o passeio da Flona?

Alguns itens são essenciais para o passeio de um dia à Flona:

  • água (pelo menos uma garrafa de 1,5 litro por pessoa)
  • alimentos (frutas, barras de cereal, etc.) – nosso barqueiro nos ofereceu algumas frutas e barrinhas para levarmos, além das que já tinhamos
  • roupas leves e confortáveis
  • repelente
  • calçados fechados, como tênis ou sapatilhas (não dá para ir de chinelos)
  • roupas de banho
  • toalhas de banho
  • câmera fotográfica ou celular
  • mochila

Lembre-se que, nesse tour, você vai caminhar durante quase 5 horas no meio da floresta, um ambiente quente e úmido, onde vai estar sujeito a mosquitos e animais peçonhentos, além de poder mergulhar no igarapé.

5. Riscos e Orientações

Ao visitar a Floresta Nacional do Tapajós, esteja ciente de alguns riscos aos quais você estará sujeito.

Cobra Camuflada, Floresta Nacional do Tapajós, Pará
Cobra Camuflada na Trilha do Piquiá, Floresta Nacional do Tapajós

O principal diz respeito aos animais peçonhentos, tais como, cobras, aranhas e escorpiões. É impressionante como as cobras se camuflam na floresta e se assemelham a cipós e a galhos de árvores. As aranhas, por sua vez, ficam escondidas em buracos na terra ou nas árvores. Mas, via de regra, “se você não mexe com o animal, ele não mexe com você”. Assim, permanecer na trilha é fundamental!

  • Saiba o que fazer em caso de picada de escorpião, leia aqui.
Aranha, Trilha do Piquiá, Floresta Nacional do Tapajós
Aranha na Trilha do Piquiá

Além disso, nosso guia “Chito” tinha uma percepção incrível. Treinado desde de criança a caçar, ele ia à frente do grupo e era capaz de identificar a presença de um animal à distância. Por sua vez, muitos de nós, mesmo quando alertados por ele, tínhamos dificuldade em encontrar o animal apontado.

Outros possíveis riscos que você poderá estar sujeito: queda de frutos ou galhos de árvores, afogamentos (em épocas de cheia) e escorregamento nas ladeiras de acesso ao igarapé.

Escada de Acesso ao Igarapé de Jamaraquá, Flona do Tapajós
Escada de Acesso ao Igarapé de Jamaraquá

Mas, isso não é para o desanimar, é apenas para você ficar atento. Os acidentes são raros por lá.

Quanto às orientações, destaco as seguintes:

  • manter do ambiente limpo e não deixar lixo
  • não levar nada a não ser boas lembranças
  • não fazer fogueiras
  • caminhar apenas pelas trilhas
  • seguir as regras de boa convivência na comunidade.

6. Posso me hospedar na Flona?

Mini Pousada Floresta Viva, Comunidade do Jamaraquá, Floresta Nacional do Tapajós, Flona
Mini Pousada Floresta Viva, Comunidade do Jamaraquá

Há várias pousadas familiares nas diversas comunidades da Flona do Tapajós. Na maioria delas, você irá dormir em redes. São poucas as que oferecem camas. O preço da diária por pessoa gira em torno de R$ 50 com café da manhã. As refeições, servidas na pousada, custam em torno de R$ 30 por pessoa.

A tabela a seguir relaciona as pousadas da Comunidade do Jamaraquá, que foi a que visitamos. Se você quer se hospedar em outras pousadas, consulte o site do ICMBio.

Pousada Contato
Pousada Familiar Nirvana do Tapajós (93) 99124-5750
Redário Bosque do Seringueiro (93) 99174-2007
Mini Pousada Floresta Viva (93) 99184-2493
Restaurante e Redário do Bata (93) 99113-8458
Maloca da Nice (93) 99210-8290

Eu, particularmente, prefiro me hospedar numa pousada em Alter do Chão e fazer um day trip até a comunidade, em razão do conforto e da possibilidade de fazer outros passeios.

Entretanto, se você gosta de experiências diferentes, siga em frente! Ficar um ou dois dias na Flona permite que você realize outras atividades além da trilha. Tenho certeza que terá estórias incríveis para contar quando voltar.

7. Outras atividades na Flona

Igarapé de Jamaraquá, Floresta Nacional do Tapajós, Flona
Igarapé de Jamaraquá, Floresta Nacional do Tapajós

Se você se hospeda numa comunidade da Floresta Nacional do Tapajós, provavelmente, vai ter oportunidade de realizar outras atividades além de trilhas, tais como:

  • passear de canoa pelos igarapés e apreciar a floresta sob um outro ângulo,
  • aproveitar as praias de rio e fazer uma piracaia,
  • ou conhecer a produção de farinha e couro ecológico.

8. Jungle Marathon

Um evento importante que ocorre na Flona do Tapajós é a Jungle Marathon, uma ultramaratona que atrai atletas do mundo inteiro: Estados Unidos, Austrália, Brasil, Coréia do Sul, Rússia e África do Sul, dentre outros. Considerada a prova de resistência mais difícil do mundo, a Jungle Marathon dispõe de três percursos possíveis:

  • uma maratona simples,
  • uma corrida de 127 km com 4 etapas,
  • uma corrida de 254 km com 6 etapas.

Este último percurso é para os mais corajosos e envolve, geralmente, 10 dias no total (3 dias de pré-prova e 7 dias para as etapas) O trajeto inclui a travessia de rios, pântanos e igarapés, trilhas, subidas e descidas íngremes pela floresta. Tudo isso sob temperaturas escaldantes (40°C) e alta umidade, num ambiente hostil com animais peçonhentos, jacarés, onças, galhos de madeira e buracos, sem que os perigos estejam devidamente sinalizados.

Os participantes deverão ser autossuficientes, levando nas costas alimentos, água, roupas, rede de dormir, lanterna, kit de purificação de água e kit médico. Tudo isso deve estar devidamente ensacado para não molhar durante as travessias de rios e igarapés.

No final de cada etapa, recebem água e suco da organização, além de apoio médico. Em geral, dormem nas comunidades que prestam apoio à prova fornecendo duchas e fossas sanitárias. A organização da prova é impressionante, contando com mais de 200 pessoas, incluindo, ambulância, médicos, bombeiros, integrantes das comunidades locais e voluntários.

Para o atleta, não é só um teste de residência física, mas mental. Para saber mais sobre a prova, assista esse vídeo (em inglês).


Emerson Cesar

Apaixonado por viagens e por fotografia. Começou a descobrir o mundo há 10 anos e já visitou 71 países. Gosta de caminhar a esmo pelas cidades mundo afora, observando as pessoas, as comidas, as construções e a arquitetura. É formado em Engenharia e Direito.

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